Sobre sonhos, ping pong e pertencimento.

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“Se o Sol sair, vem brincar na praça com a gente?”

Crianças brincando na Praça do Carmo durante ação do projeto “Se Essa Rua Fosse Tua”. Foto: Hannah Maués.

No domingo de 7 de abril aconteceu a 25ª edição do Projeto Circular, e o Laboratório da Cidade (LdC) fez sua quinta participação, em dois pontos da cidade, a Praça do Carmo (manhã) e o Largo de São João (noite). As atividades da manhã contaram com a colaboração dos parceiros do Coletivo de Intervenções Urbanas de Belém e do Verde Cidadão, fazendo parte do Projeto “Se Essa Rua Fosse Tua” que busca estimular a ocupação dos espaços públicos pela comunidade do Centro Histórico. Para a noite, foi programado o primeiro  “CineLab de Rua”.

As atividades do Projeto “Se Essa Rua Fosse Tua” (patrocinado pelo Fundo Socioambiental Casa) aconteceriam ao ar livre, ocupando toda a praça, mas o dia começou com um “toró” típico de Belém e, por isso, a maior parte da programação foi transferida para dentro do Fórum Landi, onde fica a sede do LdC. Houve campeonato de ping pong indoor e bate-papo sobre direitos de gênero, com a aplicação do jogo “Direitos e Silêncios” da ONG Fast Food da Política, além da coleta de dados nos mapas dos bairros, com a arquiteta Luna Bibas, para o melhor entendimento de como o Centro Histórico e os bairros da Campina e Cidade Velha estão sendo utilizados pela população. Enquanto isso, o artista plástico Almir Trindade pintava na fachada o “Mural dos Sonhos” e os transeuntes eram convidados a entrar, recebidos com pupunha e café.

Era hora do almoço quando o sol resolveu aparecer. Enquanto a praça ainda secava, os voluntários presentes levaram as cadeiras, mesa de ping pong e elásticos para o lado de fora. Não demorou muito e as crianças começaram a chegar. Em instantes a praça se encheu de gente e de vida, e o domingo, que parecia oferecer só chuva, transformou-se numa tarde gostosa com amigos conversando na praça enquanto olhavam as crianças brincando de skate, bicicleta, ping pong e elástico, que nem naqueles dias das histórias contadas por vó. O estar urbano estava acontecendo, mostrando que é possível ocupar espaços e criar a sensação de pertencimento necessária para reduzir a insegurança que torna comum o enclausuramento das pessoas em ambientes fechados enquanto praças e parques públicos se degradam sem uso.

Ping pong na Praça do Carmo durante ação do projeto “Se Essa Rua Fosse Tua”. Foto: Hannah Maués.

Já eram mais de 17h quando encerraram-se as atividades na Praça do Carmo e começou-se a organização da primeira edição do “CineLab de Rua” no Largo de São João, projeto de ressignificação dos espaços urbanos subutilizados, que conta com patrocínio da “Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil”. Foram exibidos dois curtas: “Praça de Bolso do Ciclista”, dirigido por Rafael Bertelli e o documentário local “A Batalha de São Braz”, dirigido por Adrianna Oliveira, que demonstra a influência da sociedade na caracterização do espaço público, mesclando música, história e questões políticas, enquanto conta a história das batalhas de rap que se passam no Mercado de São Brás. O cinema começou às 19h, ao lado da Igrejinha de São João e foi um sucesso de público. Membros da comunidade e de outros locais da cidade que estavam aproveitando as programações do Circular chegaram ali e pararam para encerrar o domingo com um bom cinema.

Projeto CineLab de Rua, com projeção no Largo de São João. Foto: Hannah Maués.

A quinta participação do Laboratório da Cidade no Circular foi encerrada com a sensação de que, mesmo sabendo da existência de problemas estruturais que dependem de soluções complexas, algumas medidas simples podem oferecer o acolhimento tão necessário à nossa população e melhorar a nossa relação com a cidade em que vivemos. Então, fica aqui o convite: “Se o sol sair, vem brincar na praça com a gente?”.

Por Isabela Avertano Rocha. Urbanista e Arquiteta. Especialista em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Mestra em Desempenho Ambiental e Tecnologia.

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