Tecnologia e o espaço público

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Fonte: Segd.org

Atualmente têm sido discutidas soluções para o retorno à vida urbana nas escolas, trabalhos e cultos religiosos, mas e nos espaços públicos? É importante pensar na volta aos espaços públicos porque é neles que desenvolvemos o sentimento de pertencimento à cidade e frequentar essas áreas pode auxiliar no tratamento de doenças que não sejam contagiosas. Podemos pensar na relação entre pessoa e cidade como um mutualismo, “pessoas saudáveis têm mais chance de contribuir na criação de comunidade próspera”, como aponta Bárbata Bonetto em seu artigo Cidade saudável: a relação entre o planejamento urbano e saúde pública.

De acordo com Bezerra e Júnior (2020), “a popularização dos smartphones e a presença da tecnologia nas nossas vidas vinham mudando a forma como estávamos nos relacionando e nos comunicando mesmo antes do cenário de exceção em que agora vivemos.”  Com o distanciamento social em função da pandemia, a dimensão digital assumiu o protagonismo, levando a mudanças nos modos de vida.

E se pudéssemos alinhar a crescente valorização do meio digital com o incentivo ao uso da cidade? Podemos reinventar o uso dos espaços públicos a partir da criação de espaços híbridos. Como exemplo temos o projeto dos CyberParks, apresentado no artigo A agregação das tecnologias de informação e comunicação ao espaço público urbano.

Esse projeto explora as relações entre as novas tecnologias, a produção e o uso do espaço público e a sua importância para um desenvolvimento urbano sustentável. O discurso do projeto é que o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) podem contribuir para atrair mais usuários para interagir nos espaços públicos, criar espaços mais inclusivos e desenvolver novas metodologias de investigação que ajude no planejamento, produção e uso desses espaços.

 “Assim, um Cyberpark constitui um novo tipo de paisagem urbana, na qual os elementos naturais e tecnológicos se misturam para gerar experiências sociais híbridas com o intuito máximo de melhorar a qualidade de vida da população” (COSTA E MENEZES, 2016, p. 337).

Podem ser incorporados aos espaços públicos novos equipamentos ou peças de mobiliário urbano, para que pessoas estejam digitalmente conectadas ao ar livre, como mapas interativos, jogos e obras de arte interativas, ampliando a possibilidade do que se fazer num espaço público e sua atratividade. O uso das TICs pode melhorar a colaboração entre poder público e população no planejamento e mudança da cidade, já que possibilitam a coleta de informações sobre locais específicos, equipamentos e serviços que as pessoas utilizam. 

Ao pensar na junção da cidade com a tecnologia associamos esse movimento às smart cities, mas é importante entendermos que a inteligência urbana não ocorre pelo simples uso de produtos da tecnologia, é necessário que as soluções sejam compatíveis com as especificidades de cada população e território, e como a pandemia mudou os padrões de consumo e os estilos de vida é preciso pensarmos soluções tecnológicas específicas para esse cenário.

Essas ideias podem colocar em pauta a internet como direito, tal qual a educação, a saúde, o lazer e a segurança. Se a conclusão a que chegamos é que a internet realmente é um direito de todos, talvez seja mais fácil e viável juntar a experiência urbana com a experiência on-line.

Referências:

ALOMÁ, Patricia Rodríguez. O espaço público, esse protagonista da cidade. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-162164/o-espaco-publico-esse-protagonista-da-cidade>. Acesso em: 30 julho 2020;

BEZERRA, Mariana Andrade; JÚNIOR, Moisés Ferreira Cunha. Cidades, espaços públicos e comportamento: discussões sobre o cenário urbano no contexto de pandemia global. Disponível em: <https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/cidades-espacos-publicos-e-comportamento-discussoes-sobre-o-cenario-urbano-no-contexto-de-pandemia-global/>. Acesso em: 30 julho 2020;

BONETTO, Bárbara. Cidade saudável: a relação entre planejamento urbano e saúde pública. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/876411/cidade-saudavel-a-relacao-entre-planejamento-urbano-e-saude-publica>. Acesso em: 30 julho 2020

CALDAS, Lucas Rosse; SANTOS, Andrea; SANTOS, Luan. Como tornas as cidades mais inteligentes diante das mudanças climáticas e pandemias? Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/936764/como-tornar-as-cidades-mais-inteligentes-diante-das-mudancas-climaticas-e-pandemias>. Acesso em: 30 julho 2020

COSTA, Carlos Smaniotto; MENEZES, Marluci. A agregação das tecnologias de informação e comunicação ao espaço público urbano: reflexões em torno do Projeto CyberParks – COST TU 1306. Urbe, Ver. Bras. Gest. Urbana [online]. 2016, vol.8, n.3, pp.332-344. Epub 22 ago. 2016. ISSN 2175 – 3369.  https://doi.org/10.1590/2175-3369.008.003.AO04.

Por Raquel Reis de Castro. Arquiteta e Urbanista defensora das praças e espaços públicos que incentiva o uso da cidade compartilhando sua própria experiência ou promovendo reflexões e discussões sobre o assunto.

Artigo revisado e editado por Toni Moraes – Monomito Editorial para Laboratório da Cidade.

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