Quem vive no Norte conhece bem a “bréa” – aquela sensação de estar molhado de suor, desconfortável e grudento por causa do calor intenso. E não é só sensação: o calor está cada vez mais forte, e, se continuar assim, Belém pode se tornar a segunda cidade mais quente do mundo até 2050. A BREA – Rede de Monitoramento Ambiental de Belém é uma iniciativa do Laboratório da Cidade, apoiada pelo British Council em parceria com o HSBC, que utiliza sensores ambientais para coletar e compartilhar dados sobre as condições de saúde urbana e microclimas da cidade. O objetivo é embasar e priorizar políticas públicas para a adaptação climática, fomentar pesquisas, gerar alertas ambientais quando necessário e mobilizar a comunidade por meio do monitoramento participativo. Essa iniciativa faz parte do esforço do Laboratório da Cidade em fortalecer a capacidade da sociedade de gerar e utilizar dados para criar políticas públicas mais eficazes e adaptadas aos efeitos das mudanças climáticas nas cidades.
Nesta seção, você pode acompanhar o mapa dos sensores instalados em diferentes pontos de Belém. Clique em um dos marcadores para visualizar os dados de temperatura, umidade e qualidade do ar em tempo real.
O agravamento dos efeitos das mudanças climáticas nas cidades impacta não apenas a saúde, mas também a economia, a educação e diversos outros aspectos da vida urbana, criando um ciclo contínuo de desafios. Para garantir qualidade de vida, é essencial monitorar como estamos sendo afetados de diferentes formas. Por exemplo, precisamos pensar em estratégias para proteger crianças e adolescentes que frequentam escolas em dias de calor extremo ou preparar nossos postos de saúde para lidar com o aumento de casos relacionados a altos níveis de poluição do ar. Também devemos considerar a criação de refúgios climáticos urbanos espalhados pela cidade. Adaptar-se significa planejar e construir cidades mais resilientes aos impactos inevitáveis da crise climática, colocando a população e suas necessidades no centro das soluções.
A Rede é o primeiro passo de um caminho longo, mas essencial, para a adaptação climática nas cidades da Amazônia. Com os dados coletados, além de gerar alertas para a população de Belém, buscamos incidir politicamente por meio de relatórios analíticos e pesquisas que serão enviadas aos tomadores de decisão, além de campanhas de sensibilização. Nosso objetivo é também expandir e diversificar o monitoramento participativo, fortalecendo a ciência cidadã e mobilizando um maior número de pessoas. Ao mesmo tempo, queremos garantir que a construção de soluções para as cidades seja cada vez mais inclusiva e
Representativa, considerando como essas mudanças climáticas impactam as pessoas de diferentes formas, especialmente em áreas mais vulneráveis. Em Belém, onde mais da metade da população vive em áreas precarizadas, as consequências da crise climática são ainda mais intensas e urgentes. Reconhecemos a importância de promover a justiça climática como um princípio norteador, assegurando que as ações e políticas priorizem as pessoas mais afetadas pelos efeitos da crise climática.
A rede de sensores é um produto do projeto Sementes para Transição, apoiado pelo British Council em parceria com o HSBC. Com foco na construção de habilidades climáticas, realizamos 5 oficinas que contaram com a participação de mais de 100 jovens, de 18 a 29 anos.
Nas oficinas, adotamos uma abordagem multidisciplinar, abordando temas como introdução à programação em bloco, lógica de programação, e a relação entre adaptação das cidades e a crise climática.
Ao final das oficinas, após aprenderem a montar e programar os sensores, os alunos utilizaram esses dispositivos para monitorar dados ambientais reais, permitindo que aplicassem o conhecimento adquirido na prática.
Acreditamos que a ciência cidadã transforma os cidadãos em agentes de mudança, permitindo que participem ativamente da coleta de dados e da busca por soluções, ampliando a compreensão sobre os desafios ambientais e sociais e tornando-os mais envolvidos com o tema.
Para isso, utilizamos a senseBox, uma plataforma de monitoramento ambiental desenvolvida pela Reedu.
A senseBox é baseada na tecnologia Arduino e permite a coleta de dados sobre diversos parâmetros ambientais, como temperatura, umidade e material particulado. Ela foi projetada para ser de fácil utilização por escolas, universidades, cidades e cidadãos interessados.
Gerar e acompanhar dados ambientais nos permite entender melhor nosso território e como ele nos afeta.